quarta-feira, junho 15, 2005

7. Fontes para a História da Música em Portugal

É com este título que decorre um Projecto de Investigação (apoiado pela FCT) no Centro de História da Arte (CHA)/Universidade Évora, que tem sido chefiado pelo Prof. Dr. Rui Vieira Nery, sendo secundado pelo Dr. João Pedro d'Alvarenga e por mim próprio.
Um dos muitos escolhos com que se deparam os investigadores do nosso passado musical (musicólogos, músicos práticos ou melómanos) reside no facto de ainda não existir em Portugal uma base de dados científica e o mais completa possível, que permita ter acesso ao nosso imenso repertório que, sem interrupção, se inicia nos finais do séc. XIII.
É verdade que algumas Bibliotecas e Arquivos portugueses têm já catálogos onde, a suas expensas, foram publicados parte dos seus espólios musicais (cf. por ex.º: Catálogo do Fundo de Manuscritos Musicais. Organizado por Luís Cabral. Biblioteca Pública Municipal de Porto. Porto, 1982). Mas são poucos, ou melhor muito poucos!
Tomemos como exemplo - entre tantos outros espalhados pelo País - só dois importantes acervos: quantos sabem objectivamente o que na realidade existe no Arquivo Musical da Sé Patriarcal de Lisboa (onde trabalhei durante dezassete anos!) e que contém o maior espólio de música religiosa portuguesa setecentista (e não só), entre as quais destaco algumas das composições que não pereceram no Terramoto de 1755; ou ainda no precioso fundo da Irmandade de Santa Cecíla (do qual sou Irmão) e que se encontra guardado, em condições indesejáveis (espero que os fumadores sejam aí proibidos), na Igreja dos Mártires em Lisboa?
Devo destacar deste caos a Biblioteca Nacional, mais propriamente o trabalho ímpar do seu Centro de Estudos Musicológicos, que tem vindo, de modo faseado, a digitalizar um número já bastante significativo do repertório português dos sécs. XVI ao início do XX, colocando-o on-line gratuitamente (BN Digital; Memórias da Música).
Destaco também o trabalho meritório do Serviço de Música da Fundação Calouste Gulbenkian, que publicou quatro catálogos de fundos musicais, nomeadamente: Arquivo das Músicas da Sé de Évora. Organizado pelo C.º José Augusto Alegria. Lisboa: F.C.G., 1973; Biblioteca Pública de Évora. Organizado pelo C.º José Augusto Alegria. Lisboa: F.C.G., 1977; Biblioteca do Palácio Nacional de Mafra. Organizado por João M. B. Azevedo. Lisboa: F.C.G., 1985; Biblioteca do Palácio Real de Vila Viçosa. Organizado por José Augusto Alegria. Lisboa: F.C.G., 1989.