domingo, junho 05, 2005

1. A Nova Música Antiga

A NOVA MÙSICA ANTIGA serviu de título a um programa que realizei na RDP/Antena 2, entre 1989 e 2002. Passados que são três anos, continuo convicto que este título é ainda válido e aplicável ao novo movimento que se fez sentir na Europa, a partir dos finais dos anos 60, na interpretação da chamada Música Antiga, baseada em novas permissas, muito particularmente nas que se fundamentam nas práticas de execução históricas. De qualquer modo, continuamos ainda nos primórdios no que respeita a "uma interpretação histórica" já que, devido à perda de uma tradição viva e directa do imenso e diversificado repertório anterior ao Romantismo, é ainda muito grande o nosso desconhecimento de como soava, por exemplo, a Música Medieval (aqui abarco os sécs. XIII a inícios do XV). Como se cantava, como na prática se tocavam os diversos instrumentos, e, mais importante ainda, qual era a "chave" para ler as diversas notações anteriores à notação mensural negra e branca (esta última conhecida entre nós por Canto de Órgão, entre outros epítetos). O Prof. Robert Snow dizia (como "blague") que o "período medieval era ainda aquele que se podia escrever (e fazer) ficção".
Um sem número de questões poder-se-íam igualmente colocar para a música renascentista, maneirista e barroca. Daí continuarmos humildemente a afirmar que, sem queremos ser positivistas, muito pouco sabemos sobre a interpretação deste imenso repertório, mesmo aqueles que diariamente como eu (tanto na prática diária, como no ensino) tentamos reconstituir honestamente esta belíssima música, sem tentarmos "vender gato por lebre"!
Acabei de regressar de Barcelona onde realizei, no âmbito do programa Socrates/Erasmus, um curso de três dias, na Escola Superior de Música da Catalunha (ESMUC), dedicado aos nossos Cancioneiros poético-musicais renascentistas. As "mil questões" que os diferentes alunos me colocaram (eram oriundos do Departamento de Música Antiga) reforçaram a minha convicção que muito temos ainda de aprender, estudar, intuir e praticar, para que de uma forma convincente e criativa possamos interpretar este nosso riquíssimo repertório, que abarca um leque muito diversificado de formas poético-musicais, tais como o Vilancete, a Cantiga, o Romance e o Madrigal, entre outras...

4 Comments:

Blogger Manuela Magno said...

Parabéns pela iniciativa e desejos de longa vida!

5:12 da tarde  
Blogger Gabriel C said...

Como amante de música e da tua música, sugiro que facilites a vida a quem quer saber mais e te dediques a construir um glossário dentro do blogue para palavras/termos que o comum dos mortais não sabe. Isto à medida que vais falando ou quando solicitado pelos que te leem, não eruditos.
Vou ler tudo...

6:32 da tarde  
Blogger Gabriel C said...

notação mensural negra e branca

Exemplo do que gostaria de saber o que é..

6:35 da tarde  
Blogger José Rodrigues dos Santos, AM, UE said...

Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

5:59 da tarde  

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